Sistemas sociais, contingência e transformação estrutural
Palavras-chave:
Sistemas sociais, Contingência, Transformação estruturalResumo
O artigo propõe uma leitura de esquerda da teoria de sistemas sociais de Niklas Luhmann. A ideia é oferecer uma orientação teórica centrada na discussão sobre os temas da transformação estrutural e da normatividade. Não se trata de uma oferta programática, mas sim de uma oferta teórica com o objetivo de abrir horizontes de reprogramação em diferentes esferas sociais. Nesta proposta, a transformação estrutural está ancorada na premissa teórica do primado das práticas sobre as estruturas sociais e sobre o caráter funcionalmente diferenciado da sociedade em que vivemos. A mudança estrutural de esquerda não visa nem a destruição nem a substituição completa de sistemas sociais, mas sim a transformação dos padrões que orientam suas práticas, suas relações com os demais sistemas da sociedade e com os seres humanos. A concepção sobre os parâmetros normativos da política de esquerda tem como fonte a diferenciação funcional da sociedade e sua relação com a existência humana. Essa orientação normativa combina o pluralismo de valores e formas de vida da sociedade funcionalmente diferenciada com a concepção “subsocializada” do ser humano que ressalta sua transcendência em relação a qualquer contexto sociocultural. O pluralismo de valores que está na base na individualidade moderna é uma forma de vida que promove a transcendência do social a partir do social: ao poderem se desenvolver como seres não reduzidos a nenhum sistema social específico, e que participam de uma pluralidade deles, os humanos podem também experimentar a possibilidade de distanciamento do social como um todo.
Referências
ADORNO, Theodor W; HORKHEIMER, Max. (1985), Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar Editores.
AMATO, Lucas. (2022). Propriedade Desagregada e Empreendedorismo Democrático: Instituições da economia de mercado e formas jurídicas do capital. Porto Alegre, RS: Editora Fi.
ANDERSON, Benedict. (2006). Imagined communities: reflections on the origin and spread of nationalism. 2. Ed. Londres: Verso.
BARALDI, Claudio/CORSI, Giancarlo/ESPOSITO, Elena. (1997). Glossar zu Niklas Luhmanns Theorie sozialer Systeme. Frankfurt a. M.: Suhrkamp.
BECK, Ulrich (1986). Jenseits von Klasse und Nation: Individualisierung und Transnationalisierung sozialer Ungleichheit. Soziale Welt, v. 59, n. 4, p. 301-325.
BOURDIEU, Pierre. (1987). Sozialer Sinn. Frankfurt a. M.: Suhrkamp.
BOURDIEU, Pierre. (1982). Die feinen Unterschiede. Frankfurt a.M.: Suhrkamp.
BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude. (1971). Die Illusion der Chancengleichheit. Stuttgart: Klett
BUTLER, Judith. (2016). Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 11ª ed.. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
BUTLER, Judith. (1992), Contingent foundations: feminisms and the question of ‘postmodernism’. In: BUTLER, Judith; SCOTT Joan. (Orgs.). Feminists theorize the political. New York: Routledge.
COLLINS, Randall. (1979). The Credential Society: An Historical Sociology of Education and Stratification. New York: Academic Press.
DE AZEVEDO, Guilherme (2016). Raça, igualdade e trauma. A função do direito na inclusão/exclusão dos negros na diferenciação social brasileira. 272f. Tese de doutorado em Direito – UNISINOS, São Leopoldo.
DURKEIM, Emile. (1990). As regras do método sociológico. São Paulo: Editora Nacional
DUTRA, Roberto (2023). Teoria sistêmica da desigualdade. Rio de Janeiro: Ateliê de Humanidades Editorial.
ERIKSON, Robert; GOLDTHORPE, John H. (1993). The Constant Flux: A Study of Class Mobility in Industrial Societies. Oxford: Clarendon Press.
FOUCAULT, Michel. (1987). Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Petrópolis, Vozes.
GALINDO, Jorge. (2006). Zwischen Notwendigkeit und Kontingenz. Theoretische Selbstbeobachtung der Soziologie. Wiesbaden: VS Verlag.
GIDDENS, Anthony. (1984). The constitution of society. Outline of the Theory of Structuration. Cambridge: Polity Press.
GIDDENS, Anthony. (1981). The Class Structure of the Advanced Societies. London: Hutchinson.
GLASS, David. (1954). Social mobility in Britain. London: Routledge
GOFFMAN, Erving. (1959). The presentation of self in everyday life. EUA: Anchor Books Edition.
GOLDTHORPE, John et al. (1980). Social Mobility and Class Structure in Modern Britain. Oxford: Clarendon Press.
HABERMAS, Jürgen. (1985). Die neue Unübersichtlichkeit, Frankfurt a. M.: Suhrkamp.
HABERMAS, Jürgen. (1981). Theorie des kommunikativen Handelns. V. 1: Handlungsrationalität und gesellschaftliche Rationalisierung. V. 2: Zur Kritik der funktionalistischen Vernunft, Frankfurt a. M.: Suhrkamp.
HABERMAS, Jürgen; LUHMANN, Niklas. (1971). Theorie der Gesellschaft oder Sozialtechnologie : was leistet die Systemforschung? Frankfurt am Main: Suhrkamp.
HAHN, Alois (1993). Identität und Nation in Europa. Berliner Journal für Soziologie, v. 3, p. 193-203.
HARTMANN, Michael. (2007). Eliten und Macht in Europa. Frankfurt a.M.: Campus Verlag.
HARTMANN, Michael. (2002). Der Mythos von den Leistungseliten. Spitzenkarrieren und soziale Herkunft. Frankfurt a.M.: Campus Verlag.
HONNETH, Axel. (2015a). Sozialismus reloaded – und revidiert. Blätter für deutsche und internationale Politik, v. 10, n. 60, p. 93-100.
HONNETH, Axel. (2015b). O direito da liberdade. Tradução Saulo Krieger. – São Paulo: Martins Fontes.
ITSCHERT, Adrian. (2013). Jenseits des Leistungsprinzips. Soziale Ungleichheit in der funktional differenzierten Gesellschaft. Bielefeld: Transcript Verlag.
KAHLERT, Heike. (2015), Dis/Kontinuitäten der Geschlechterverhältnisse in der Moderne. Skizzen zu Anthony Giddens’ Verbindung von Gesellschaftstheorie und Genderforschung. In: KAHLERT, Heike; WEINBACH, Christine (Orgs.). Zeitgenössische Gesellschaftstheorien und Genderforschung: Einladung zum Dialog. Springer: VS.
KIESERLING, André. (2014), Systemreverenzen: Wie wertet die Theorie sozialer Systeme?
In: BRAUN, Norman et. al.(Orgs.). Begriffe - Positionen – Debatten. Eine Relektüre von 65 Jahren Soziale Welt. Edição especial 21. Baden-Baden: Nomos.
KIESERLING, André. (2010). Das Individuum und die Soziologie: zur Geschichte eines soziologischen Reflexionsthemas. In: BERGER, Peter; HITZLER, Ronald. (Orgs.). Individualisierungen. Ein Vierteljahrhundert „jenseits von Stand und Klasse?”. Wiesbaden: VS Verlag.
LUHMANN, Niklas. (2002a). Die Politik der Gesellschaft, André Kieserling (ed.). Frankfurt a. M: Suhrkamp
LUHMANN, Niklas. (2002b): Das Erziehungssystem der Gesellschaft. Frankfurt a. M.: Suhrkamp.
LUHMANN, Niklas. (2000). Organisation und Entscheidung. Opladen: Westdeutscher Verlag.
LUHMANN, Niklas. (1997). Die Gesellschaft der Gesellschaft. Frankfurt: Suhrkamp, vol.1 e 2
LUHMANN, Niklas. (1992). Beobachtungen der moderne. Opladen: Westdeutscher Verlag.
LUHMANN, Niklas. (1990). The Future of Democracy. Thesis Eleven, v. 26, n. 1, p. 46–53.
LUHMANN, Niklas. (1987). Soziologische Aufklärung 4. Opladen: Westdeutscher Verlag.
LUHMANN, Niklas. (1986). Ökologische Kommunikation: Kann die moderne Gesellschaft
sich auf ökologische Gefährdungen einstellen? Opladen: Westdeutscher Verlag
LUHMANN, Niklas. (1984). Soziale Systeme: Grundriß einer allgemeinen Theorie. Frankfurt a. M: Suhrkamp.
LUHMANN, Niklas. (1977). Probleme eines Parteiprogramms. In: BAIER, Horst (org.)Freiheit und Sachzwang. VS Verlag für Sozialwissenschaften.
MACHADO, Maria das Dores Campos. (2015), Controvérsias sobre as relações de gênero e a sexualidade no campo pentecostal brasileiro. In: ROSADO, Maria José (Org.) Gênero, feminismo e religião: Sobre um campo em constituição. Rio de Janeiro: Garamond.
MASCAREÑO, Aldo. (2011). Sociología de la intervención: orientación sistémica contextual. Revista Mad - Universidad de Chile, n. 25, p. 1-33.
MARX, Karl. (2013). Crítica da Filosofia do Direito de Hegel. São Paulo: Boitempo Editorial.
MÜLLER, Hans-Peter. (2002). Die drei Welten der sozialen Ungleichheit: Belohnungen, Prestige und Citzenship. Berliner Journal für Soziologie, v. 4, p. 485-503.
NASSEHI, Armin. (2021). Unbehagen. Theorie der überforderten Gesellschaft. München: Verlag C.H.Beck oHG.
NASSEHI, Armin. (2003), Der Begriff des Politischen und die doppelte Normativität der ‘soziologischen’ Moderne. In: NASSEHI, Armin; SCHROER, Markus (Orgs.). Der Begriff des Politischen. Baden-Baden: Nomos, p. 133-169.
NEVES, Marcelo. (2018). Constituição e direito na modernidade periférica: uma abordagem teórica e uma interpretação do caso brasileiro. São Paulo: WMF Martins Fontes.
PARSONS, Talcott. (1974). O sistema das sociedades modernas. São Paulo: Pioneira.
PARSONS, Talcott. 1937. The Structure of Social Action. New York: McGraw-Hill Book Company.
PETERS, Gabriel. (2020). A virada praxiológica. Revista Crítica de Ciências Sociais, v. 123, p. 167-188
GUERREIRO-RAMOS, Alberto. (1989): A nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das nações. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV.
RAMOS, Jair. (2019). A sexualidade como campo de batalha no Twitter: grupos religiosos e movimentos feministas e LGBT na luta em torno dos direitos sexuais. Revista del Centro de Estudios en Antropología, v.5, p. 204-266.
RECKWITZ, Andreas. (2002). Toward a Theory of Social Practices: A Development in Culturalist Theorizing. European Journal of Social Theory, v. 5, n. 2, p. 243-263.
SCHWINN, Thomas. (2001). Differenzierung ohne Gesellschaft: Umstellung eines soziologischen Konzepts. Weilerswist: Velbrück Wissenschaft.
SELL, Carlos. E. (2014). Weber no Século XXI: desafios e dilemas de um paradigma weberiano. DADOS, v. 57, n. 1, p.35-71.
SHILS, Edward. (1992). Centro e Periferia. Lisboa: Difel.7.
SIMMEL, Georg. (1917). Grundfragen der Soziologie. Berlin: Walter de Gruyter.
SIMMEL, Georg. (1908). Soziologie. Untersuchungen über die Formen der Vergesellschaftung. Leipzig: Duncker & Humblot Verlag.
SILVA, Lucas. T. da (2021). Weber contra Luhmann: por uma heurística da (in) diferenciação. Estudos de Sociologia, v. 26, n. 51, p. 939-960.
TANG, Chih-Chieh. (2007). Struktur/Ereignis: Eine unterentwickelte, aber vielversprechende Unterscheidung in der Systemtheorie Luhmanns. Soziale Systeme, v. 13, p. 86-98.
TEXEIRA, Carlos Sávio Gomes; MEDEIROS, Tiago. (2022). A igualdade como problema, a grandeza como solução. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. V. 489, n. 183, p. 207-234.
UNGER, Roberto Mangabeira. (2019). The knowledge economy. London: Verso.
UNGER, Roberto Mangabeira. (2007). The Self Awakened: Pragmatism Unbound. Cambridge: Havard University Press.
WEISS, Alexander. (2016). Left after Luhmann? Emanzipatorische Potenziale in Luhmanns Systemtheorie und ihre Anwendung in der Demokratietheorie. In: HAUS, Michael; de La ROSA, Sybille (Orgs.). Politische Theorie und Gesellschaftstheorie – Zwischen Erneuerung und Ernüchterung. Baden-Baden: Nomos.
WEISS, Anja. (2017). Soziologie Globaler Ungleichheiten. Berlin: Suhrkamp.
WILLKE, Helmult. (1993). Systemtheorie entwickelter Gesellschaften. Dynamik und Riskanz moderner gesellschaftlicher Selbstorganisation. München: Juventa Verlag.