Travessias de seres (in)capacitantes
Português
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PortuguêsResumen
As capacidades necessárias para aparecer em público, para se reger pelas injunções que lhe são próprias, para se abrir ao outro encontram-se, muitas vezes, impedidas. Demonstra-se, a partir de dois estudos de caso – um assentando em entrevistas junto a portadores do HIV, outro baseado num acompanhamento etnográfico (ainda em curso) da atividade artística pictórica de indivíduos com doença mental – como populações em situação de vulnerabilidade vivenciam situações de esgotamento, esquecimento e desconfiança de si que truncam certas modalidades de agir, perceber e sentir, assim forçando-as a ter que enfrentar obstáculos no seu quotidiano. Por outro lado, exploram-se igualmente as experiências promotoras de processos de capacitação onde essas populações adquirem o sentimento de serem capazes, equipando-se convenientemente para aceder a ambientes públicos e a modalidades de agir até então bloqueadas. À luz dos mais recentes contributos das sociologias pragmatistas, levam-se seriamente os testemunhos dos próprios atores envolvidos, assim como se procura ter por unidade de análise as situações experienciadas na multiplicidade das suas dimensões prática, corporal, discursiva, afetiva e cognitiva.