Que tiro foi esse?:
a (auto)representação de discursos de Jojo Todynho na mídia e a desconstrução de estereótipos de gênero, raça, sexo e classe
Palavras-chave:
Auto(representação, Feminismo Decolonial, Análise Crítica do DiscursoResumo
Este artigo tem por objetivo construir reflexões da perspectiva do Pensamento Feminista Negro e Decolonial sobre a (auto)representação da mulher na mídia brasileira, a partir de registros sobre o lançamento como cantora da funkeira/youtuber carioca Jordana Marontinni, conhecida por Jojo Todynho. O objetivo é contrastar a (auto)representação da própria artista a partir de matérias publicadas na mídia, escolhidas aleatoriamente, e de (auto)registros publicados pela cantora em seu canal no You Tube, acompanhando a explosão do lançamento da música “Que tiro foi esse?”, que virou hit nacional, provocando polêmica na mídia brasileira. A performance em um curto espaço de tempo chamou a atenção para a artista, sendo este texto motivado a compreender os processos de desconstrução que atravessam a (auto)representação da cantora sob o recorte interseccional de raça/gênero/sexo/classe da sua presença na mídia. O texto revela que a autoimagem positiva de Jojo Marontinni como mulher, negra, gorda, pobre desafia os estereótipos tradicionais sobre as mulheres de cor já mencionados por outras feministas negras, quando denunciam os processos de opressão e dominação a que as mulheres negras estão submetidas. A análise do padrão hegemônico das forças sociais dominantes, que a tecnologização discursiva vai revelar, aponta para o fato de que iniciativas pessoais de (auto)representação proporcionadas pelos novos suportes midiáticos, como a criação de um canal no You Tube para as próprias autonarrativas, demonstra-se capaz de produzir transformações nos processos discursivos sociais estabelecidos, rompendo a obscuridade contida nas formas hegemônicas produtoras e reprodutoras de desigualdades sociais.