Uma análise dos efeitos da crise sanitária sobre o cotidiano de mulheres com filhos pequenos
entre a gestão pública do caos e a administração da vida privada no olho do furacão
Palabras clave:
Coronavírus, pandemia, isolamento social, maternidadeResumen
Investigamos neste estudo os impactos da crise sanitária do coronavírus sobre o cotidiano da população residente na Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV). A ausência de ações centralizadas a nível federal e a inefetividade das medidas implementadas em nível estadual com vias a controlar a propagação da doença acarretam um prolongamento do tempo de circulação incontrolada do vírus e a transferência da responsabilidade pela prevenção ao contágio ao nível individual. Analisaremos os efeitos da crise sanitária do novo coronavírus (Sars-Cov-2) sobre o cotidiano de famílias com crianças pequenas, com base em dados obtidos em 12 entrevistas realizadas entre julho e agosto de 2020 com mães de crianças entre 1 e 5 anos, economicamente ativas ou em vias de se reinserir no mercado de trabalho. Os resultados da pesquisa revelam alterações significativas em suas condições de vida, rendas, rotinas, demandas de trabalho (remunerado ou não) e circulação. Diante do prolongamento da crise sanitária e o afrouxamento das medidas estaduais de enfrentamento da pandemia, observamos que a prevenção ao contágio é processualmente transferida para a responsabilidade individual exclusiva do cidadão, acarretando consequências econômicas, sociais e psicológicas, além de uma maior exposição progressiva à doença.