Que crente foi esse?

Economia, religião e as tramas do reconhecimento na política da redemocratização

Autores/as

  • Moacir Carvalho Uenf

Palabras clave:

Religião, Política, Evangélicos, Economia

Resumen

A recente aproximação entre neopentecostais e pautas políticas conservadoras vem aquecendo debates sobre secularização e mercados, sobretudo por causa de desconfortáveis desconfianças de observadores mais à esquerda no espectro político. Nesse artigo se pretendem explorar os sentidos dessa relação. Todavia, isso será feito considerando-se os entrecruzamentos entre religião, política e economia, com foco no tema do reconhecimento. Para tanto, primeiramente, fazendo-se uso de fontes secundárias e estatísticas, são mapeados traços da economia e moralidade que ajudem a entender a direção da mudança na autoimagem e percepção sobre o mundo dos religiosos. Depois, circunscrevem-se historicamente aproximações entre evangélicos e política na ditadura militar, descrevendo-se minimamente as lutas ideológicas internas entre os evangélicos; esse passo servirá para se compreender a participação política evangélica durante a redemocratização. Ao fim, reflete-se sobre padrões expressivos e mercantis presentes nas modalidades religiosas politicamente mais ativas de hoje, considerando-se o atual contexto em que tradicionais identificações entre religião e Estado-nação estariam sendo questionadas. Ao mesmo tempo, esse protestantismo que no Brasil foi religiosidade de minorias, defensivo e beneficiário de velhas lutas pela consolidação de um Estado laico acima das confissões, não existiria mais. Assim se pergunta se os recentes sucessos políticos da direita conservadora significam que o país vem se tornando mais conservador em termos de economia e/ou costumes. Se sim, mais conservador em relação a quê e em qual direção? E, uma vez que tal vitória conservadora ocorre em simultâneo a considerável crescimento numérico do segmento cristão, como se dariam as correlações entre uma coisa e outra? Isso nos leva a uma última pergunta: até que ponto poderíamos falar de uma luta por acolhimento estatal de critérios de reconhecimento e valoração humanas de um coletivo em bases religiosas?

Publicado

2020-11-29