Percursos e desafios nas relações civil-militares na Nova República (1985-2020)
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Palavras-Chave: Militares, Política, Nova RepúblicaResumen
Abordando um dos processos políticos mais importantes ocorridos no Brasil, mas também em outros países da América Latina, o presente artigo buscou examinar o percurso histórico participação dos militares na política na Nova República e responder às seguintes questões norteadoras: de que modo os militares estiveram presentes nas questões políticas do Brasil no pós-ditadura? Quais foram os pontos de tensão e de discussão entre setores das Forças Armadas e a sociedade no Brasil? Para tanto, elaborou-se uma revisão de literatura sobre o tema das Forças Armadas e Política, e, metodologicamente, adotaram-se as técnicas qualitativas de análise de conteúdo de documentos sobre Defesa e também de artigos e entrevistas de militares e civis publicados na mídia. Os resultados apontam para um conjunto expressivo de situações que indicam um grau elevado de presença dos militares no debate público. Desde questões como a história e responsabilização pelos crimes da ditadura de 1964-1985 até questões políticas como a criação do Ministério da Defesa e dos documentos de Defesa, houve presença militar, tanto propondo como criticando os temas de interesse nacional. Destaca-se o fato de que os militares não são um grupo homogêneo, mas com alguma diversidade de ideias e objetivos. A transição para a democracia lhes permitiu autonomia em determinados setores, contribuindo para a politização de questões em diversos momentos. A Minustah, a missão de paz no Haiti com significativa participação militar brasileira, foi um importante momento de busca de reconstrução positiva da imagem dos militares interna e externamente, processo que se percebe em risco a partir da presença e participação no (bem como defesa do) governo Bolsonaro (2019-2020) por parte de diversos militares.