Antigos marcadores sociais, novas abordagens políticas
DOI:
https://doi.org/10.59901/2318-373X/v23n1apresentacaoPalavras-chave:
Estudos étnico-raciais, Gênero, ReligiãoResumo
Os temas gênero, sexualidade, raça, etnia e religião, frequentemente chamados de identitários, emergiram no debate público dos países ocidentais na metade final do século XX; desde então, apresentam-se cercados de controvérsias. Tal emergência resulta da ação coletiva de movimentos sociais que investiram em diálogo (nem sempre pacífico) com o Estado em busca de resolução de suas demandas por reconhecimento e por direitos sociais e políticos. Assim, movimentos feministas da segunda onda foram bem-sucedidos ao ressignificarem a relação entre o público e o privado, denunciando que as relações produzidas na esfera privada teriam fortes contornos de um projeto político. Por sua vez, os movimentos pelos direitos civis apresentaram formas de pressão pelo combate às desigualdades raciais e para a construção de legislações justas. Os movimentos LGBTQIAP+ adquiriram visibilidade a partir da década de 1980 em contexto de luta por direitos sociais e respeito às expressões de sexualidade. Contudo essa emergência em um debate político da segunda metade do século XX fez crer que fossem questões recentes. Na verdade, são marcadores sociais históricos e fundamentais para a compreensão das relações sociais. E, ainda mais, tal como defendido pelas perspectivas contra-hegemônicas como os estudos interseccionais, as análises pós-coloniais e decoloniais, não se trata meramente de temas, mas são elementos organizadores do mundo. Eles configuram objetivamente as relações sociais estabelecendo hierarquias de poder, de dominação e de prestígio; e, do mesmo modo organizam o trabalho, a educação e demais elementos de qualidade de vida, definindo o acesso e a exclusão. Deste modo, não é possível uma leitura do mundo sem os considerar.
Referências
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