O debate precisa de uma academia forte
Ataques da extrema direia e desinvestimento “sem par” ameaçam a universidade brasileira, diz pesquisador
DOI:
https://doi.org/10.59901/q8ewqw34Palavras-chave:
Estudos étnico-raciais, Luiz Augusto Campos, Marcadores de identidadeResumo
Pesquisador reconhecido na área de estudos étnico-raciais, Luiz Augusto Campos se sentiu atraído para o tema pelo “calor do debate sobre cotas” na década de 2000, quando ingressou na graduação em Ciência Política na Universidade de Brasília (UnB). Suas experiências pessoais de homem negro em uma sociedade racializada não lhe pareciam muito significativas até chegar ao Rio de Janeiro, em 2007, para fazer o mestrado em Sociologia e Antropologia na UFRJ. Ali também se viu “num dos centros acadêmicos mais contrários às políticas de cotas”. Hoje vê o termo identitarismo como uma categoria acusatória que desconsidera dois elementos: primeiro, que marcadores como os de raça e gênero só importam porque estão atrelados a desigualdades socioeconômicas; segundo, que esses movimentos ainda têm que lutar pelo respeito a direitos básicos. “O que une mulheres, gays, lésbicas, negros, indígenas é que esses grupos querem simplesmente deixar de ser vítimas privilegiadas de violência”, afirma. Para Luiz Augusto, não surpreende que as esquerdas tenham tido mau desempenho em eleições municipais, geralmente focadas, acredita, em questões mais pragmáticas de provimento de serviços públicos; mas concorda que os partidos desse campo “se institucionalizaram politicamente a ponto de se distanciarem dos movimentos sociais mais locais”, o que seria uma tendência típica da política a ser monitorada. Frente a uma academia ameaçada por desinvestimentos governamentais e confrontada pela proliferação de “pseudointelectuais” e pelo culto ao coaching, argumenta que o debate público sério não pode prescindir de um meio acadêmico fortalecido e interativo com a sociedade em geral. Confira a entrevista, realizada por e-mail pelas organizadoras do dossiê “Antigos marcadores sociais, novas abordagens políticas”, Andréa Lopes e Edlaine Gomes.
Referências
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