Introduzir o tópico “trajetória de fim de vida” na interação conversacional com doentes paliativos e seus familiares
as microestratégias dos profissionais de saúde
Palavras-chave:
Palavras-chave: Cuidados paliativos; Microestratégias; Redes de atores.Resumo
Tendo por base empírica notas de observação etnográfica, dados de entrevista e gravações de interações ao telefone, coletados em Portugal em terrenos hospitalares, no âmbito de dois projetos de investigação incidindo sobre os cuidados paliativos, o artigo aborda as microestratégias usadas pelos profissionais de saúde para introduzir o tópico “trajetória de fim de vida” nas interações conversacionais com doentes paliativos e seus familiares. Esse enfoque analítico permite evidenciar uma injunção paradoxal — comunicar sem ser invasivo — gerida com tato pelos profissionais, em interações assentes em panos de fundo de saberes partilhados sujeitos a grandes variações de um caso para outro. A triangulação de métodos de coleta e de análise de dados proposta pelos autores configura um dispositivo investigativo que potencializa a variação de escalas analíticas, desde a análise de elevada granularidade descritiva de ações situadas até a análise de estratégias de gestão e configuração das redes de atores e da distribuição no seu seio dos saberes e das informações. Os conceitos de actante e de polifonia permitem situar analiticamente o corpo num campo de relações de saber e de poder, observável nas várias escalas analíticas operacionalizadas no artigo.