Proximidade e distanciamento aos mundos do embrião in vitro
experiências significantes em tempos de desassossego
Palavras-chave:
Procriação medicamente assistida, Trajetórias terapêuticas, Embrião in vitroResumo
Neste artigo, pretendem-se discutir as trajetórias terapêuticas dos(as) beneficiários(as) de técnicas invasivas de procriação medicamente assistida (PMA), entendidas como travessias que envolvem tensões íntimas, momentos de desassossego, bem como fissuras identitárias e corporais. Essas experiências pessoais e significantes — que não se coadunam com os formatos convencionados e uniformizados dos protocolos biomédicos — são abordadas a partir das dimensões de “afeição”, “desapego”, “perda”, “luto”, “abandono” e “libertação” em relação aos embriões criados in vitro. A análise baseia-se nos dados recolhidos de 34 entrevistas semidiretivas em profundidade e 85 questionários validados (inquérito online) com beneficiários(as) de PMA, no âmbito de um projeto mais amplo de investigação sociológica em curso, sobre os significados atribuídos por especialistas e leigos aos embriões humanos criados in vitro, tanto na PMA quanto na pesquisa científica. Esta pesquisa, por ora, mostra como o embrião in vitro se reconfigura entre o “ente vivo” e o “ser humano”, numa relação dinâmica entre “proximidade” e “distanciamento” físicos e emocionais, remetendo para o conceito de liminaridade e para as relações humano-máquina.