A organização do jogo do bicho e o monopólio da exploração de todos os jogos ilícitos em seu território no Rio de Janeiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.59901/2318-373X/v24n3

Palavras-chave:

Jogos ilícitos, Jogo do Bicho, Rio de Janeiro

Resumo

Neste artigo pretendemos tão somente começar a explorar uma das mais importantes dimensões de uma organização criminal de tipo mafioso como o “jogo do bicho”. A literatura criminológica e sociológica, nesta área, tem assinalado, há tempos, a tendência à monopolização própria das atividades dos mercados ilegais. Aqui iremos investigar alguns casos que demonstram como a associação entre territorialização e busca de monopólio no caso dos banqueiros do bicho produziu efeitos importantes na associação do jogo do bicho com a resolução de conflitos via assassinatos encomendados e outras violências regulares no Rio de Janeiro. Buscamos instituir unidades de análise empíricas, e empreender a respectiva análise, com o propósito de contribuir para o esclarecimento e explicação sobre a estrutura de exploração de jogos ilícitos por uma organização do jogo do bicho em seu território, na atualidade, e sobre o exercício do monopólio da exploração de todos os jogos ilícitos assentados em base territorial.

Biografia do Autor

  • Paulo Roberto de Andrade Castro, UFRJ

    Doutor em Sociologia, pesquisador associado do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (NECVU) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

  • Michel Misse, UFRJ

    Doutor em Sociologia, professor titular de Sociologia aposentado do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professor do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da UFRJ.

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Publicado

2025-03-19