A ideia de desenvolvimento, Aliança para o Progresso e a Sudene

conflitos teóricos e estratégias políticas

Autores

Palavras-chave:

Desenvolvimentismo, Sudene, Aliança para o Progresso

Resumo

O nacional-desenvolvimentismo pode ser compreendido como estratégia, como projeto de mudança socioeconômica e política, e como parte importante da experiência brasileira de modernização. Constituído e ressignificado ao longo de extensa trajetória, assume uma faceta madura na década de 1950, sofrendo mutação importante com o giro autoritário de 1964, com seu alinhamento ao bloco ocidental da Guerra Fria, liderado pelos Estados Unidos da América (EUA), distanciando-se das proposições originais da Cepal e dos desafios implícitos à teoria do subdesenvolvimento. Essa mudança drástica resultou de tensões internas, agravadas pelas ações da política externa norte-americana, que se tornaram elementos constitutivos da situação de paralisia decisória no golpe de 1964. Destacam-se a pressão internacional, o financiamento de think tanks, mídias e eleição de grupos adversários do governo Goulart em 1962 e, pouco estudada, a ação subterrânea do programa Aliança para o Progresso - ALPRO, pactuado em 1961. Sob a imagem da luta pela superação do subdesenvolvimento na América Latina, a ALPRO, no Brasil, orientou-se por ignorar o governo federal, repassando boa parte dos recursos desse programa a governos estaduais (seleção sem visibilidade pública e contrária às diretrizes do projeto), ignorando a coordenação centralizada necessária às políticas de planejamento. Também se afastou da Sudene, instituição que atuava na região mais próxima da imagem-chave da ALPRO (alta vulnerabilidade social), que agia através de rigoroso diagnóstico e de técnicas de planejamento. Nesse contexto, a ação da ALPRO revela dois objetivos políticos ocultos: a geração de instabilidade e a neutralização do arranjo desenvolvimentista.

Biografia do Autor

  • Vera Alves Cepêda, UFSCar

    Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (1992), mestrado e doutorado em ciência política pela Universidade de São Paulo - USP (1998; 2004) e pós-doutorado em ciência política pelo Iesp/Uerj (2016). Atualmente é professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos/UFSCar na graduação, atuando no Programa de Pós-graduação em Ciência Política (PPGPol) e no Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS). Desenvolve pesquisas no campo do pensamento político e social brasileiro, em especial nos temas das interpretações sobre o Brasil, na atuação de instituições, intelectuais e teorias ligados ao problema do desenvolvimento, da democracia e das capacidades e ação do Estado em contexto periférico. Pesquisa também o processo de construção e os resultados de políticas públicas para inclusão social e equidade em período recente. Lidera o grupo de pesquisa Ideias e instituições para o desenvolvimento e a democracia (CNPq) e atualmente é membro da diretora do Centro Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento.

  • Rafael Gonçalves Gumiero, UNIFFESPA

    Professor adjunto do curso de graduação em Ciências Econômicas do Instituto de Estudos em Desenvolvimento Agrário e Regional (IEDAR), da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA). Coordenador e professor do Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Desenvolvimento Regional e Urbano na Amazônia (PPGPAM), da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA). Possui bacharel e licenciatura em Ciências Sociais (2006-2007) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP - Campus de Marília. Possui mestrado em Ciência Política pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Possui doutorado em Ciência Política pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Possui Pós Doutorado em Sociologia pelo Programa de Pós Graduação em Sociologia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Atua nos seguintes temas de pesquisa: Pensamento econômico e político, com ênfase nas teses do subdesenvolvimento e teorias do desenvolvimento; Avaliação de políticas públicas; Desenvolvimento Regional.

  • Gustavo Louis Henrique Pinto, IFG

    Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos (2008), mestrado em Ciência Politica pela Universidade Federal de São Carlos (2012) e doutorado em Ciência Politica pela Universidade Federal de São Carlos (2016). Atualmente é Professor EBTT do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Campus Uruaçu. Realiza pós-doutorado no Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade - FEA da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Ciência Política, com ênfase na Teoria do Subdesenvolvimento, Estruturalismo Latino-americano e Pensamento Político Brasileiro.

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Publicado

2022-07-15