Um Florestan para além da “tese da singularidade brasileira”
Palavras-chave:
Pensamento social brasileiro, Florestan Fernandes, Singularidade brasileiraResumo
A finalidade deste artigo é refletir de forma detida sobre o lugar da obra de Florestan Fernandes no interior da “tese da singularidade brasileira”, formalizada e escrutinada no trabalho de Sergio Tavolaro. Em uma primeira seção, buscarei, sintetizando o argumento de Tavolaro, salientar a forma como este enquadra Florestan no interior daquela tese. Em uma ampla segunda seção, após reforçar aspectos da leitura feita por Tavolaro, o esforço será o de apresentar elementos da obra de Florestan que sugerem possibilidades de ir além da grade cognitiva que enquadra a formação social brasileira como uma experiência de modernidade inautêntica, desviante e singular. Três são os momentos da obra de Florestan que serão salientados: a) um primeiro de pleno enquadramento no interior da tese que concebe o Brasil como uma singularidade inautêntica e desviante; b) um segundo momento no qual o diagnóstico da singular modernidade brasileira (feito em contraste com modelos clássicos) se desatrela do imaginário do desvio e do inautêntico; c) um terceiro momento que tensiona e vai além do próprio imaginário da singularidade brasileira.