Adentrando um caso de violência entre portas
o caso declarado por “Rose”
Palavras-chave:
Escuta ativa, Violência doméstica e violência contra a mulher, Covid-19Resumo
Neste artigo busca-se descrever, analisar e debater as travessias percorridas por Rose em situação de violência doméstica e conjugal, tomando-se como referência o seu relato obtido a partir de atendimentos telefônicos realizados durante voluntariado junto a uma das diversas instituições portuguesas de atendimento e apoio às vítimas. Dialogando com contributos da Sociologia Pragmática, fenomenológica e hermenêutica, são ressaltados os atos de escuta e de fala dos respectivos envolvidos. Na comunicação imperam as incertezas, os silêncios, as interjeições, as pausas, os choros, entre outras emoções, que exemplificam as dificuldades de as pessoas nessas circunstâncias estarem devidamente equipadas para o exercício do direito e do dever de proteção, objetivos dos serviços de atendimento no período pandêmico de crise sanitária. Na verdade, o telefone constitui-se como (a) um dos principais canais — se não o único — de denúncia e apoio a essas vítimas; (b) um agenciador de ações; (c) porta de acesso a outras dimensões, incluindo a ruptura da violência.