Continuidades históricas em Escravos e Homens Livres, de Orlando Piedade
Palavras-chave:
afro-pessimismo, anti-racismo, escravatura, branquitude, continuidades históricas.Resumo
Com o presente artigo pretendo fazer uma análise pós-colonial e antirracista ao livro Escravos e Homens Livres, de Orlando Piedade, focado nas histórias de vida de uma família de africanos a viver na metrópole lisboeta no pós-abolição da escravatura, com o principal objectivo de possibilitar uma reflexão sobre as diferentes camadas de opressão do colonialismo e as continuidades históricas da escravatura desde o século XVIII até aos dias de hoje. Nesse sentido, analiso a construção literária aliada à revisitação de factos históricos para a potencial emersão de narrativas verídicas silenciadas; e indico os modos como o colonialismo molda vectores identitários - como raça, género, classe, sexualidade, faixa etária, nacionalidade, entre outros – nas suas práticas quotidianas e interacções contextuais, exigindo uma revisão e complexificação de conceitos como escravatura, liberdade, abolição e heroísmo.