Colonialismo e resistência
desconstrução do discurso hegemônico no romance Les Bouts de Bois de Dieu, de Ousmane Sembène
Palavras-chave:
Colonialismo, Resistência, Hegemonia, Literatura africana de expressão francesaResumo
O processo de colonização das populações nativas normalmente se reveste de formas variadas de dominação direta e indireta. No caso da colonização de territórios africanos, que se iniciou processualmente a partir da última década do século XIX, a natureza da dominação de cada povo dependia de uma série de fatores, de acordo com cada colônia, sempre atendendo, em primeiro lugar, às necessidades da metrópole. Fica evidente, com a análise da história da colonização africana, que esse processo de dominação não se efetuou com total passividade. Segundo Hernandez (1999), o confronto com os povos africanos sempre foi um problema enfrentado pelas potências europeias. O descontentamento dos soberanos africanos perante as novas formas de organização política e social desencadeou uma série de resistências. Partindo de tais considerações, esse artigo propõe uma leitura do romance Les Bouts de Bois de Dieu (1960), de Ousmane Sembène, escritor-cineasta senegalês e militante do movimento anticolonialista, dando ênfase ao movimento de resistência dos operários negros da ferrovia do Dakar-Níger. A greve ocorreu entre outubro de 1947 e março de 1948. Inicialmente, procura-se desenvolver uma discussão sobre o surgimento de uma nova consciência do colonizado que decide lutar contra a hegemonia do colonizador no que tange à recuperação da sua dignidade. Em seguida, analisar o modo como essa postura de recusa à subserviência e à exploração desperta no decorrer da narrativa uma série de confrontos entre negros e brancos, sendo esses últimos os únicos detentores do poder econômico e político naquele contexto.