Educação popular, pensamento social e classes populares no Brasil
Palavras-chave:
Educação popular, Pensamento Social Brasileiro, Cultura políticaResumo
A desigualdade social, intrínseca à trajetória histórica da sociedade brasileira, reverbera também nos planos político e cultural. Desenvolve-se então uma cultura política que naturaliza as hierarquias e o elitismo de nossas sociabilidades. Neste contexto, se destacam tradições do pensamento social brasileiro que traduzem esta desigualdade na invisibilização e depreciação das classes populares como agentes relevantes na autocompreensão nacional. Em contrapartida, interpretações mais recentes a respeito do país, notadamente a partir dos anos 1960, passaram a valorizar as experiências destes setores populares na explicação dos problemas e desafios nacionais. O mundo da educação popular, polarizado em boa medida pela prática e pela obra de Paulo Freire, e que cresce e se consolida nas décadas de 1970 e 1980, constitui um campo privilegiado de desenvolvimento de práticas e interações entre intelectuais e movimentos sindicais e populares, o qual fomentou a valorização das classes populares na cultura política e no pensamento social. O presente artigo rastreia alguns indícios destas inovações no pensamento nacional, em espaços sociais de atuação de cristãos progressistas e de esquerdas radicalizadas, no Estado do Rio de Janeiro, notadamente na Baixada Fluminense.