Chamada de Artigos - Dossiê Travessias (I) - Volume 14, N. 01 - Jan-Jun 2020

2020-01-31

Organizadores:

José Resende (Universidade de Évora, Portugal)

Alexandre Martins (Instituto Politécnico de Portalegre, Portugal)

Catarina Delaunay (Universidade Nova de Lisboa, Portugal) 

Bruno Dionísio (Universidade de Évora, Portugal)

 Prazo para submissão: 30/04/20

 Prazo para publicação: 31/07/20

Talvez não seja exagerada a afirmação de que os tempos de hoje se apresentam convulsivos. As suas crispações são múltiplas, variadas.
Os seus matizes cambiantes interferem não só nas convivências experimentadas em domínios públicos. Atravessam-se, sem pedir licença, em esferas de proximidade, outrora mais resguardadas das investidas públicas. Não raras vezes batem à porta das intimidades, entrando nestas abruptamente e causando turbulências inesperadas.
A premeditação das suas entradas nem sempre é planeada de antemão. Acontecem, e as portas ficam escancaradas, produzindo consequências imprevisíveis, inesperadas.
Outras vezes ensaiam espreitar por fissuras que aparecem marcadas nos íntimos dos seres que são corroídos em tempos compassados ou descompassados. Dessas erosões as feridas mostram-se em corpos mundanos que parecem não conseguir resguardar as suas inquietações sentidas.

É das travessias experimentadas nestes tempos turbulentos que este dossiê pretende questionar o que significa hoje reconhecermo-nos como seres humanos ou seres vivos que habitam mundos desassossegados.

Os bulícios das vidas não são novos. Estão presentes nas vivências com expressividades múltiplas desenhadas nas experiências humanas, situadas ou descolocadas. Constituem-se como parte integrante destas do nascimento até à morte.
Pese embora o reconhecimento imperecível de experiências tumultuosas nas passagens entre o público e o íntimo, hoje, porventura, as suas fronteiras são alvo de outras explorações, suportadas por indagações que antes ou não se pronunciavam, ou eram proferidas em contextos mais resguardados.
Tomando a sério os matizes em que se expressam os reconhecimentos indicando que os seres se apresentam na sua humanidade ou como entes vivos, este dossiê desdobra-se em dois face à extensão dessa temática. Apesar desse desdobramento, os dois números da revista vão integrar artigos que exploram sociologicamente essas travessias contando com textos que revelem reflexões sociológicas que expressam experiências significantes daquilo que os atores são capazes de fazer para aportar e apartar dos mundos, apoiados por objetos, tecnologias sociais e mediados por outros seres capacitantes.
Chegar, permanecer e partir são verbos que acompanham a solicitação do convite em participar neste desafio. São verbalizações que articulam experiências compósitas que marcam as gradações como se expressam as qualificações de ser vivo e de ser humano em diferentes contextos e épocas históricas. É nossa convicção que é desafiante a exploração que vos propomos, e estamos certos de que vai ao encontro dos potenciais leitores desses números da revista.