Um intelectual comunista na periferia do capitalismo

Gildo Marçal Brandão e sua atuação na 'esquerda positiva'

Resumo

A relação de Gildo Marçal Brandão com o Partido Comunista Brasileiro se desenvolveu em duas inserções que acabaram se retroalimentado como vasos comunicantes. A primeira dessas vias de relação com o PCB é política: Brandão foi quadro orgânico do Partido Comunista Brasileiro durante parte de sua vida. O segundo ponto de interseção entre Brandão e o PC foi pautado pelo interesse analítico circunscrito pela formação e divisão disciplinar das Ciências Sociais. Justamente este último Gildo, o cientista político e analista profissional, produziu análises acerca dos dilemas e ambiguidades constitutivas do Partido Comunista Brasileiro. Dentre as ambiguidades do partido, Brandão dividiu o PCB em duas frentes: a que chamou de “positiva”, a “direita” do Partido voltada para a luta institucional, contrastando frontalmente com o grupo insurrecional, este último crítico até mesmo do “cretinismo parlamentar” e da concorrência eleitoral. Nosso objetivo neste trabalho é apresentar a inserção político-partidária do militante Brandão, atuação que antecede o cientista político que irá analisar o PCB. Nossa hipótese é a da migração dos posicionamentos do militante para as análises do cientista político sobre a esquerda brasileira no século XX. Neste trabalho serão ressaltadas duas questões: a militância enquanto trabalhador intelectual do PC e sua adesão ao que o próprio analista chamou de “direita do partido”.